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sábado, 8 de fevereiro de 2014

QUEIMANDO PROBLEMAS


"As pessoas estão sempre tão preocupadas com seus próprios problemas que se esquecem que não são o centro do universo."

Lá estava eu, olhando a imensidão daquele mar, depois de uma dura jornada de trabalho. Como ando estressada, resolvi passear um pouco pela praia para refletir sobre os problemas pessoais que ando tendo em casa. 

Só queria ficar uns momentos sozinha comigo mesma sem pensar, descansando a mente.

Sentei-me na areia branca da praia e a brisa fresca com seu toque suave, acariciou meus cabelos e ao longe contemplei  o sol que desaparecia no horizonte pensando em quanto tempo deixei de me encantar com tanta coisa bonita que a natureza oferece.
 
De repente o celular tocou, trazendo-me à realidade ... Ah, esse celular que não me dá sossego, deve ser da empresa, pensei incomodada. 

No entanto, era um vizinho que nervosamente afirmava que a minha casa estava pegando fogo. Saí correndo dali apavorada, pensando em Lina e Tina, minhas duas filhas. 

Ao chegar, logo avistei o carro dos bombeiros e a casa em chamas. Gritei pelo nome das meninas desesperada e meu marido veio a meu encontro também em desespero. 

Nisso, vimos dois soldados do Corpo de Bombeiros chegando com Tina, a menorzinha no colo e com Lina, a mais velha que gritava por Duque, seu cãozinho de estimação. 

Abraçamos as crianças aliviados, olhando o fogo impiedoso que implacável destruía em  poucos minutos tudo o que levamos anos para construir e assim, resignados, fomos para a casa da minha mãe.  

Escureceu  rapidamente e ainda chocados, agradecemos a Deus por não ter acontecido nada às crianças que estavam brincando na cozinha, quando tudo aconteceu.

No sofá entre almofadas acetinadas, Lina  chorava baixinho, ainda comovida ao se lembrar do cachorro que amava e eu, impotente diante da cena, aproximei-me abraçando-a sem palavras.  No dia seguinte, sábado, enquanto todos dormiam, fui ver de perto o que restou de tantos anos de luta. 

Estava sozinha, lembrando do pobre animal. Nesse momento, a vizinha veio ao meu encontro e abraçando-me, tentava me consolar. Ao falar sobre Duque, o cachorro de Lina, ela explicou que logo compraríamos outro e tudo ficaria bem, traumatizada, murmurei: é, acabou, nem o animal escapou. 

Dei uma última olhada para os destroços e de repente ouvi uns latidos familiares. Era ele, o Duque e nem acreditei: o animal  todo chamuscado, chegou correndo a meu encontro, subiu em cima de mim e me beijou como só os cães sabem beijar, lambendo a minha face. Ele estava imundo, mas esse foi o melhor abraço que recebi em toda a minha vida.

Com essa tragédia, esqueci completamente os conflitos que tinha com meu marido e que me levaram a passear na praia, chegando à conclusão de que muitos problemas que pensamos ter são insignificantes diante de tantos outros que dia a dia abalam milhões de pessoas por este mundo afora.

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