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sábado, 23 de novembro de 2013

INTERPRETAÇÃO DO POEMA: SONETO DA FIDELIDADE



“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.”
(1 Coríntios 13:1-2)

 
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure


(Vinicius de Moraes)



O tema fidelidade é o assunto desenvolvido neste poema em que o eu lírico, logo na primeira estrofe, demonstra todo o cuidado que tem à pessoa amada ao ponto de que tal sentimento esteja sempre vivo em seu pensamento, sobrepujando qualquer tipo de encantamento que possa desviá-lo da atenção que dedica a este amor. Neste caso, de todos os encantos que existentes nenhum superará esse sentimento nobre que ele sente.

É comum na vida sentirmos o deserto que habita por vezes o âmago de nosso ser e para o eu lírico não é diferente, entretanto, quando esse vazio devastador assolar a alma do eu lírico, ele há de entoar um canto em louvor desse amor presente seja nos  momentos de alegria (riso) ou de tristeza (choro) e é desta forma que indubitavelmente  transbordará esse amor, vivido intensamente, seja em meio ao contentamento ou ao desgosto.



No primeiro terceto o eu lírico reconhece a angústia que acomete o ser humano o qual  caminha pela vida certo da presença da morte que o ronda e o amedronta, aliada à solidão devastadora que o invade, todas as vezes  em que o amor é sepultado.  


"E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama."


E prossegue, no último terceto explicando que, a despeito desses dois fantasmas que acompanham a humanidade, inclusive a ele, no caso, a morte e a angústia, o que realmente importa é a intensidade do amor vivido que não precisa ser imortal visto que como a própria vida é uma chama. 

Neste sentido, compreendemos que para o eu lírico existem amores efêmeros que poderia ser o caso de uma paixão fulminante, o que não deixa de ser uma forma de amor, no entanto, para ele o importante é a intensidade do sentimento não o tempo de duração. E eu como gosto de sentimentos enraizados, prefiro o amor definido pelo apóstolo São Paulo.

Lindo sábado e que a paz e a alegria de viver nos acompanhem todos os dias.
Abraços fraternos.

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