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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Até breve, Tia Cecy


"A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace."
(Victor Hugo)

Sempre fico meio passada diante da perda súbita de alguém da família; quarta-feira minha mãe esteve aqui e falou sobre a minha tia Cecy, ela estava internada e não estava bem de saúde, apesar de muito doente, mantinha sempre sua marca registrada: a alegria mesmo em momentos difíceis. Planejei ir na quinta-feira fazer uma visita, não deu tempo, ontem, na metade da manhã, minha tia entrou no trem.

Desde criança a idéia que tenho da morte é algo como se saíssemos da vida e entrássemos num trem espiritual onde reencontraríamos as pessoas que amamos em algum vagão para prosseguir uma viagem sem fim, recebendo quem chegasse.



Ainda estou sobre o efeito da notícia pois tia Cecy significou o exemplo de alegria e honestidade na minha vida infantil. A criança é influenciada pelo seu primeiro grupo social e cada pessoa que admira vai contribuir de alguma forma para a formação de sua personalidade.

Todos os finais de semana, a partir dos sete anos, eu ia visitá-la e era recebida sempre com alegria juntamente com seus filhos e ouvíamos sucessos, dançávamos e o diálogo entre nós era perfeito. Certa vez, ela me contou sobre a morte do primeiro filho que era apegado a mim, ainda bebezinha, a morte da criança, a levava a chorar todos os dias.


Agora, dizia ela, não chorava mais porque segundo ela, sonhara com a criança que lhe apareceu em sonhos pedindo para que ela não chorasse pois todas às vezes que ela chorava, ele ficava todo molhado. Quando ela acordou, ao descer da cama, havia uma poça de água no assoalho sendo que na casa não havia goteiras.

É, minha tia era muito alegre. Devo ter herdado dela, esse meu lado de palhacinha. Não fui ao velório, não fui ao enterro, embora tivesse a intenção de ir. 

Tenho uma certa dificuldade em participar desse tipo de cerimônia, prefiro acreditar que ela foi fazer uma viagem e que um dia nos encontraremos no trem onde ela está passeando. Enquanto isso, vou estudando, para esquecer que a morte existe.



Creio que ela não gostaria de me ver chorando, assim deixo a ela meu beijo espiritual, agradecida pela feliz convivência e pelo exemplo de fidelidade, honestidade e senso de humor com que ela enfrentou sabiamente  esse nosso drama de viver.

4 comentários:

  1. oi Scarlet...
    ...por nós,Deus não deixa os nossos desamparados.
    por ela mesmo, ou por vc,creio que esta guardadinha com Cristo.
    tenha fé que para os que estão em Jesus não existe fim. medite um pouco da biblia,la tem um grande conforto.
    então...abraços,e tchau tchau.

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    1. Nandinha: esta tia era muito especial para mim. Ontem, fiquei recordando da gargalhada dela diante da vida que levava. Era humilde e feliz em todos os momentos e olha, ela tinha muitos filhos e eu sempre ia lá.

      Mas depois que passei a viver sozinha, fora de Manaus, nosso contato foi pouco,eu a visitei em 2010 e levei um presente: uma blusa muito bonita, com flores bordadas.

      Vc precisava ver a alegria dela, ela disse:"menina, que coisa linda!" E foi a última vez que a vi. Muita coisa ruim aconteceu comigo e eu não levo problemas para a família, sempre fui assim.

      Se é para visitar, procuro não levar choro mas alegria, é essa a imagem que quero que guardem de mim, sempre sorrindo, como ela.

      Agora sei que ela está bem, é, minha mãe me disse que meu primo é pastor, eu nem sabia, perdi contato com eles, a minha preocupação era a de que ela tivesse morrido sem Jesus.

      Não estou mais chorando, ela era contra muito choro. Vou mimi, é tarde, um dia todos nós partiremos daqui e vamos nos encontrar no jardim eternal que Jesus foi preparar para nós... Bjinhos

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  2. ok......mas a vida continua,né!
    um super abraço,fica em paz.

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    1. A vida continua, sim, Nandinha, afinal o tempo não pára. Bjinhos

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