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sábado, 21 de abril de 2012

Matam um Corpo, Nunca um Sonho !

Romanceiro da Incofidência - Cecília Meireles 

 

"Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria pra salvar meus companheiros." 

 

(Joaquim José da Silva Xavier)

 

Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
uns sugerem, uns recusam,
uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
Corre-se por essas ruas?
Corta-se alguma cabeça?
Do cimo de alguma escada,
profere-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?

Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Virgílio...”
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados
antes que tal verso escrevam...”
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus — pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).
Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
— e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras.
“Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Lêem notícias nas gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?”
(Antiguidades de Nîmes
em Vila Rica suspensas!

Cavalo de La Fayette
saltando vastas fronteiras!
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da independência!
Liberdade – essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!)

 

E a vizinhança não dorme:
murmura, imagina, inventa.
Não fica bandeira escrita,
mas fica escrita a sentença. 



Antes, lutava-se por deixar um país melhor para as gerações futuras e não importava se o preço a pagar fosse a vida; hoje, a herança que políticos procuram deixar a seus filhos é a da corrupção que parece ser genética. 


O Brasil é um país sem memórias onde não mais se reverencia a ação dos que morreram para deixar essa pátria livre.  


Na era da velocidade tecnológica, o que vale é o poder transformador de valores, aquele que tem poder para comprar as pessoas, a grana que simboliza o poder do mais forte. 


Não ensinar às crianças o valor das pessoas que morreram com um sonho de ver esse país livre, é querer jogar para o futuro uma geração de covardes. 

\O/
                     




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