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sábado, 5 de novembro de 2011

O Lobinho em Pele de Ovelhinha ...


"Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos." 
(Pitágoras)

Lara saiu do trabalho completando mais uma dura jornada e não via a hora de chegar em casa, tomar um banho e descansar. Em sua mente, passava ainda um filme das brigas entre duas crianças da sala de aula. Paulo, cansado de ser chamado de "bola de sebo" encostou Frederico na parede e disse, olhando em seus olhos, completamente transtornado: 
- Me respeita que eu te respeito, Fred. Olha o meu tamanho pro teu; se eu te der uma bolacha tu te desmonta todo. Eu sou muito macho pra te pegar lá fora, depois não vai chamar a "mamãezinha", feito um bebezinho, seja homem!
Fred empalideceu e Lara nunca tinha visto Paulo tão furioso. Apartou a briga e antes que o problema tomasse enormes proporções, solicitou a secretária da escola que chamasse os pais de ambos para uma conversinha. Ela conhecia bem as crianças e na verdade, por mais que proibisse, havia muito preconceito entre elas. Paulo era chamado de "bola de sebo", Carolina de "urubu" Luís de "Cabeça de feijão Preto" e assim por diante. A escola onde as crianças aprendiam a serem preconceituosas era situada no interior da família, pensava Lara e esse era sim um grande problema porque na visão da professora, o preconceito é aprendido em casa e na vizinhança, através dos exemplos dos pais e amigos. No dia seguinte, chegaram os pais, cada um com sua "arma de defesa" prontos para detonar com a professora com acusações procedentes dos lábios das próprias crianças. Ela iniciou a conversa, contou o problema e o pai de Fred afirmou:
- O problema é que a senhora não passa atividades e o Fredinho sem ter o que fazer, parte pra isso,  entende, né?
- Não... retrucou ela: não entendo preconceito, não aceito e nem vou aceitar porque enquanto eles são crianças podemos educá-los e se o sr. não sabe, agir preconceituosamente é crime. Seu filho será o adulto de amanhã.
O pai ouviu a contragosto tudo calado e de repente, Lara se voltou para Fred e perguntou:
- Fred, querido, por que você mente para teus pais dizendo que não passo atividades ?
- Não passa mesmo não, pai. Olhe o meu caderno de novo.
Com essa resposta, a professora respirou fundo para não perder o controle. Então pediu para que os alunos fizessem uma fila e um a um foram abrindo os cadernos e exibindo-os ao pai de Fred. Bastaram apenas seis crianças para a máscara de Fred começar a cair. O pai muito nervoso, deu uns puxões de orelha, ali mesmo. A próxima conversa foi bem diferente. Lara percebeu que a mãe  de Paulo era mãe solteira e levava uma vida difícil para educar o filho. Com muita dignidade, ela olhou para o pai de Fred e fitando-o nos olhos, afirmou taxativa:
- Meu senhor, eu eduquei meu filho para ser educado com todas as pessoas; mas não vai servir de capacho pra ninguém, a minha orientação a ele é: respeite a todos mas se quiserem te humilhar, desce o braço. Ele vai reagir conforme eu o educo, assim, eduque seu filho pra mais tarde não lhe servir de vergonha e ainda apanhar muito dos outros. Seu filho é mentiroso e só hoje o senhor notou ?
Houve uma pequena discussão onde a professora interferiu, acalmando a situação. A mãe de Paulo mesmo sendo uma simples vendedora, marcava os passos do filho. Os pais de Fred, provenientes da classe média, alegavam sempre falta de tempo. Atualmente, Paulo é Dr. Paulo e Fred ? Bem, se você passar na avenida principal do bairro, à noite, vai encontrá-lo facilmente em uma rodinha de amigos "puxando fumo" e já tem várias passagens pela polícia, sem estudos é completamente dependente dos pais e das drogas.
**Baseado em fatos reais.

                                                                 
                                                          Scarlet Wind

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