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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Casinha ...


Tão lindinha por fora é esta romântica casinha. Mas dentro dela está tudo completamente vazio . O importante é que mesmo vazia, ainda existe uma luz solitária a vagar dentro dela: a nossa alma. Por fora ornamentada, alcatifada de flores, o nosso corpo.  Creio que todas as pessoas carregam um deserto dentro de si. Sou essa casa feita de flores de palavras que contém em seu âmago, um enorme deserto. Sim, há um sertão  dentro de nós como bem dizia Guimarães Rosa ... somos, em algum momento da vida, a casa, abandonada por alguém que se foi, deixando marcado a ferro a lembrança de um sorriso, uma linda gargalhada e um par de olhos esperançosos. Se foram porque enjoaram dos nossos simples perfumes de flores, do nosso cheiro e preferiram outra fragrância exótica. Outros se foram pq foi chegada a hora   ... a hora de entrar no trem e rumar ao infinito, sem passagem de volta e conforme o tempo vai, mais avançam rumo a luz eternal .. porém como é viva a lembrança de meu pai. Vai passar cem anos, se eu estiver viva - não estarei - jamais o esquecerei. Meu pai foi o oásis na minha vida e depois que se foi, meu coração se transformou num grande sertão. E isso que eu sinto, todos sentem ou sentirão em determinado momento deste viver tão cruel; esse "vazio" pavoroso é o grande sertão inerentemente humano. Dele, amigo, amiga, ninguém foge, não tem como fugir...Aonde quer que formos, lá ele está porque faz parte de nós, está dentro de nós.Nós somos que nem a casinha, florida por fora e deserta por dentro; aqui, dentro da nossa casinha, esperamos que ocorra um milagre de que um dia, alguém possa preencher essa angústia que vive espalhada dentro do nosso coração e contagia toda a nossa alma.



Scarlet Wind

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