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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Saindo da Toca ... Navegar é preciso.


O bom de morar aqui é que a natureza está bem próxima de nós e não sai caro. Manaus fica às margens esquerda do rio Negro e  está rodeada pela selva; vários barcos fazem rotas para o interior. Fui para o Careiro da Várzea onde mamãe nasceu. Daqui de Manaus até lá são quarenta e cinco minutos de barco, passando pelo Encontro das Águas. No percurso, fomos seguidos por botos que fazem a festa, querendo qualquer tipo de alimentação que tenhamos para os presentar. Eles fazem show de piruetas no ar, parecem crianças e são protegidos pelos caboclos que os consideram sagrados. Há uma crença de que eles salvam pessoas que estão se afogando, levandou-as para beira e uma lenda na qual o boto se transforma num belo rapaz na noite de lua cheia e seduz as moças da região. O que não falta é criança "filhas/os de boto". Na política, o boto mais famoso foi Gilberto Mestrinho, já falecido. Brinquei com os botos, dando alimentação, ouvi músicas e cheguei na terra de mamãe. Não temos mais nenhum parente por lá, a primeira a sair dali foi minha avó e depois todos mudaram para Manaus, onde nasci. O tempo passou e nada mudou: a mesma feira, as mesmas casas, uma só pousada antiga de madeira, enfim, o tempo parou ali, nada evoluiu, talvez porque o único meio de transporte seja o naval, o que dificulta as pessoas quererem se mudarem para lá. O custo de vida é caro visto que tudo vem de Manaus, o que tem em abundância é peixe e farinha. Estive poucas vezes neste local, apenas quando criança, senti saudades da minha avó, lembrando um tempo que não volta mais. O bom do passeio foi o contato com a natureza, o rio continua limpo e lindo, a floresta muito verde, habitat dos sauím-de-coleira, fazendo a festa, comuns também nas casas com quintais e árvores de Manaus.

  
Depois voltei e foi cansativa a volta porque andei pela cidadezinha antiga e triste, parecendo até uma cidade fantasma. Se bem que me informaram que à noite, há uma vida agitada com sons de músicas que alegram os ribeirinhos. Isto não me atraiu pelas péssimas condições em termos de hotéis e mesmo porque penso ser muito perigoso pernoitar naquele local. Para passear durante o dia, vale a pena, nunca para dormir. E assim retornei a minha casa, deu para momentaneamente esquecer decepções e respirar o ar benfazejo do local.

By: Scarlet

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