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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ciúme - Ultrapassando os Limites da Normalidade .

"O ciúme é o pior dos monstros criados pela imaginação."
(Calderón de la Barca)

 Existem dois tipos de ciúmes: um é transitório, normal e que demonstra um certo zelo pela relação mas não faz parte da rotina do casal. O outro é patológico, ou seja, considerado doença, quando se torna obsessivo onde o parceiro ou a parceira começa a imaginar situações que não existem; tudo é motivo de desconfiança e brigas. Neste caso, a relação se torna um inferno pois o ciumento poda a liberdade da parceira, tornando o local onde deveria ser o melhor local do mundo, o lar, num local onde não se sente vontade de voltar. O ciumento quer controlar a vida do outro, isolando-o de suas amizades, oprimindo, cerceando a liberdade, fazendo papel de sentinela, vasculhando os objetos pessoais do parceiro, invadindo a sua privacidade. O ser humano é uno, não é porque vive com alguém que vai aceitar perder a sua individualidade e a sua tranquilidade. O ciúme neste caso, se torna doença e a vítima desta pessoa começará a sentir necessidade de ir se afastando aos poucos por não suportar tanta possessividade. Ninguém é objeto ou dono do outro. Somos seres autônomos e livres e o que nos faz permanecer ao lado de alguém, não é esse tipo de atitude mas sim o prazer de estar junto de uma companhia agradável que nos comprienda e nesta vida agitada, nos passe tranquilidade; o maior erro do ciumento é querer colocar nas mãos do outro a responsabilidade de sua felicidade. Movido pela imaginação, o ciumento cria fantasmas que não existem, na verdade, a imaginação é ótima serva mas péssima conselheira; o motivo pra tanto ciúme é o medo da perda e quanto mais longo for o relacionamento mais inseguro fica o ciumento. Muitas vezes, o problema está na falta de uma ocupação visto que a pessoa ociosa, não tendo com que ocupar a mente, passa a criar situações que não existem na vida real. Quando não há motivos, não há provas, a pessoa possessiva as cria na mente, não dando vez nem para o parceiro provar que tudo não passa de ilusão. O ciúme possessivo é doença, sendo motivo até de assassinato, portanto, jamais esse tipo de ciúme pode ser considerado, amor. Em muitos casos, a consequência desse comportamento é a separação haja vista que poucas pessoas se submetem a esse tipo de pressão autoritária. Há casos de relações onde o motivo para exagerado ciúme é o passado do outro, no entanto, se houve perdão, não tem porque ficar desenterrando defunto, jogando na cara do outro, uma aventura ou um romance que não tem como retroceder no tempo. Pessoas que agem assim, cobrando, instigando, estão na verdade oprimindo o outro; errar é humano e o perdão uma vez dado, é para ser esquecido porque ao revivê-lo está expondo o outro a uma situação humilhante de cobrança, afinal, se fosse para ficar com mágoas profundas, antes não perdoasse e fosse tentar ser feliz com outra pessoa.Nesta situação, de vítima, a pessoa se torna carrasca e castradora. Na ilusão de querer prender o outro para si, tais pessoas acabam perdendo de uma forma ou de outra: ou perdem na forma literal pois não suportanto a pressão o outro segue seu rumo ou permanece mas vai perdendo dia a dia, o amor por essa pessoa, tornando a relação desgastada, insuportável o que pode, inclusive, levar o oprimido a buscar inconscientemente formas de evasão, para suportar a carga de tensão em que vive. Eu mesma já passei por isso, chegando ao ponto de quando voltava do trabalho, a uma esquina de casa, não sentir vontade de prosseguir. E foi tanto massacre psicológico que  a fonte secou, com o passar do tempo. E quando a fonte seca é que se vai dar valor  à água, e já é um pouco tarde para isso porque quem é vítima de um ciumendo impulsivo, vai sim, guardar a pior imagem dele. Ambos podem até continuar convivendo por conveniência, mas jamais por amor, principalmente daquele que foi mais massacrado. O primeiro passo pra se livrar desse tormento, sim porque o ciúme doentio é traumatizante para o casal, é o reconhecimento por parte do ciumento de que precisa de tratamento. E quanto antes começar esse tratamento, melhor. O tratamento é feito pelo psiquiatra e pela psicóloga que fará sessões de terapia onde o paciente, com a ajuda desses profisionais vai superar os traumas que o levaram a se tornar tão possesivo. É triste ver um grande amor jogado fora, sem pelo mesmo ter tentado buscar uma solução para amenizar o ciúme. De todos os valores que temos na vida, o que nos segura e nos dar forças pra viver é o amor. Não há nada pior do que conviver com alguém que nos oprima; na maioria das vezes, quem permanece numa relação feito essa é porque, excluindo os problemas sociais de uma separação, ainda tem um fio de esperança de que o outro reconheça sua deficiência e procure se controlar ou busque tratamento, o pior cego é aquele que não quer enxergar. Lembrando sempre de que o amor é uma plantinha delicada, não sobrevive em locais abafados.

By: Scarlet Mayara 

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